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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Luto, o significado de perder um ente querido para a psicologia

Colombianos lotam estádio em homenagem aos  jogadores da Chapecoense que morreram em  acidente aéreo.

O mundo parou no último dia 29/11/2016, quando o avião da equipe da  Chapecoense caiu na Colômbia, e o mais impressionante diante deste momento de grande tristeza é a solidariedade das pessoas, a maioria não são parentes das vitimas e nem  residem no mesmo país que elas, mas demonstram afeto e solidariedade às famílias. Isso acontece porque o ser humano é altamente projetivo, sente a dor como se fosse ele perdendo alguém, mas ainda existem pessoas que não tem empatia com a dor do outro.



A morte em nossa cultura ainda é um tabu, desviamos o assunto com medo da nossa hora chegar, ou de pessoas que são próximas a nós,  esta angústia causada pela medo da morte é afastada pela nossa cultura que valoriza mais o ter do que o ser. Essa visão negativa da morte é vista pelo autor Sartre que compreende que a  morte retira do homem todo o sentido da vida portanto,  não percebe a morte como parte integrante da vida. Para ele, com a morte extingue-se qualquer possibilidade (Maranhão citado por Medeiros,1996). 

O autor Heiddeger  discute a questão da morte, como que ao pensarmos nela estamos compreendo nossa própria finitude, e desta forma vivemos intensamente cada momento. “Se estabelecermos contato com a idéia de nossa própria finitude dificilmente deixaremos de viver um processo de resignificar a vida e aí transformarmos nossa relação com o viver, dando geralmente, uma nova qualidade a esse ato.” (Bromberg citado por Medeiros, 1996, p.39).

Falar sobre o luto não é o mesmo que senti-lo, passamos por vários lutos em nossa vida, perdemos um emprego, o primeiro amor, quando mudamos de cidade, todas essas mudanças trazem sofrimento, mas nada comparado com a dor de nunca mais ver/ falar com quem amamos. A autora Elizabeth Kluber-Ross citado por Bruno Ricardo a autora dividiu em cinco fases o processo de luto: 

1- Negação- Seria uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o problema, tenta encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade da perda do ente querido.

2-Raiva-Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçada e não se conforma por estar passando por isso.

3-Barganha- Essa é fase que o indivíduo começa a negociar, começando com si mesmo, acaba querendo dizer que será uma pessoa melhor com os outros se sair daquela situação. 

4- Depressão- Já nessa fase a pessoa se retira para seu mundo interno, se isolando, melancólica e se sentindo impotente diante da situação.

5- Aceitação- É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto pra enfrentar a perda ou a morte.


Com este texto foi possível perceber como em nossa cultura negligencia-se a questão da morte, mas ela é um ciclo como qualquer outro que causa bastante sofrimento para as pessoas que ficam, e o luto deve ser vivido para que não traga consequências  futuras para a vida do individuo. Nesse momento é preciso o apoio familiar ou ajuda de um profissional da área de psicologia, para que a pessoa possa superar este momento de angustia.Finalizo com o trecho de um texto de Rubem Alves sobre a morte: 

Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver." A vida é tão boa! Não quero ir embora...

Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.(Rubem Alves)



Texto dedicado a Tais Sanna 











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