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sábado, 1 de abril de 2017

Adoecimento no trabalho é mais comum que você imagina




Desde a adolescência somos incentivados a escolhermos uma profissão, algumas pessoas por razões sociais não escolhem onde irão trabalhar e acabam se sentindo desmotivadas com o trabalho. Outra questão que desmotiva ao trabalhador é quando este sofre assédio moral por parte de seus superiores. Define-se por assédio moral “ a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego”.

O contexto empresarial é rodeado de pressões, pois a empresa deseja destacar diante da concorrência do mercado de trabalho. É uma verdadeira pirâmide, os empresários têm seus gastos e cobram resultados dos gerentes, e os gerentes assim cobram dos funcionários. Diante disso, muitos funcionários apresentam estresse no contexto organizacional, os autores definem estresse como um desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a capacidade de resposta dos trabalhadores.

A situação saudável de trabalho seria a que permitisse o desenvolvimento do indivíduo, alternando exigências e períodos de repouso com o controle do trabalhador sobre o processo de trabalho. Ainda é difícil identificar o adoecimento do funcionário relacionado com o trabalho e consequentemente, considerar que houve um acidente de trabalho, assim afastando o funcionário pelo INSS, essa dificuldade é percebida pelos profissionais dos serviços de saúde, dos sindicatos e os próprios trabalhadores.( Glina, ect 2001)




No artigo cientifico Saúde mental e trabalho: uma reflexão sobre o nexo com o trabalho e o diagnóstico, com base na prática Mental são descritos casos clínicos de pessoas que tiveram transtornos mentais relacionados ao trabalho. Um dos casos é de um homem de 46 anos motorista de empresa de transporte coletivo, estava exposto a ruído, calor e vibração; cumpria jornada das 15:40h à 00:50h, que se prolongava, com horas-extras frequentes. Trabalha em trajeto de linha considerada violenta, tendo sofrido assalto à mão armada, por cinco vezes. Descreve sua situação: “A empresa pressiona muito e por qualquer coisa, demite sem direitos...Qualquer coisa é suspensão, advertência. Não há diálogo com a chefia. Eles querem é carro rodando na rua. Para ir ao médico, tem que pedir permissão. Se um colega bate o carro, “gancho”. Querem só tirar o carro do local e o trabalhador é quem arca com a burocracia e descontam o prejuízo do seu salário”. Após o ultimo assalto em que houve até assassinato passou a apresentar sintomatologia na forma de tremores e ansiedade que, tendo se tornado incontrolável, levou-o a procurar médico e a psicóloga da empresa, que não propuseram afastamento do trabalho. Foi diagnosticado com transtorno de estresse pós traumático.( Glina e ect, 2001)

Além desse caso outros foram analisados, e percebe-se condições de trabalho nocivas para o trabalhador (por exemplo, ruído, calor, vibração, produtos químicos; problemas relacionados à organização do trabalho (por exemplo, jornadas extensas e horas-extras, excesso de trabalho e pressão por produção, metas irreais e falta de retaguarda; gestão inadequada; em alguns não houve um procedimento adequado em relação ao trauma sofrido pelo trabalhador, i.e., assalto e acidente); violência (por exemplo: assaltos).
Os quadros clínicos mostraram a existência de sinais e sintomas ligados a sentimentos (por exemplo, medo, ansiedade, depressão, nervosismo, tensão), fadiga, mal-estar, perda de apetite, distúrbios de sono, distúrbios psicossomáticos (gastrite, crises hipertensivas), além disso, contaminação involuntária do tempo de lazer, ou seja, os trabalhadores sonhavam com o trabalho, não conseguiam “desligar-se”. Os transtornos mais comuns foram: quadros psicóticos orgânicos ligados a acidentes ou exposição a produtos químicos, apareceram ainda quadros de fadiga , depressivos, paranóides, de adaptação e de reação ao estresse grave. (Glina, ect 2001)



Pode se afirmar que quanto menor a autonomia do trabalhador diante da empresa, maiores as possibilidades de que a atividade gere transtornos à saúde mental. Novas formas de organização do trabalho, novas tecnologias e a precarização do trabalho trazem o temor do desemprego e a intensificação do trabalho. Percebe-se que o excesso de trabalho e a pressão por produção ocorrem em todos os degraus da hierarquia.

 Segundo a revista Health Magazine das profissões que mais causam depressão estão: Enfermeiro particular, Garçom/garçonete, Assistentes sociais, Profissionais de saúde, Artistas e escritores, Professores, Profissionais administrativos Técnico em manutenção, Contadores, Vendedores. Outra lista mostra que em relação ao estresse os policiais e bombeiros são os mais prejudicados, pelo contexto de perigo que vivenciam.

No livro Do Assédio Moral à Morte em Si - Significados Sociais do Suicídio no Trabalho o psicólogo Nilson Berenchtein discute a questão do assédio moral no trabalho, e o quanto as empresas fazem para encobrir casos de suicídio entre os trabalhadores. Na França houve diversos casos de suicídios, porque as empresas estavam quebrando devido, a crise financeira. No Brasil é necessário criar inciativas em prol da saúde mental do trabalhador, para que não ocorra o mesmo que na França, por exemplo a inserção de psicólogos clínicos nas empresas para prestarem atendimento psicológico aos funcionários.

Recomendo ao filme Whiplash- Em busca da perfeição, que é um caso de adoecimento devido ao trabalho e de assédio moral




O solitário Andrew (Miles Teller) é um jovem baterista que sonha em ser o melhor de sua geração e marcar seu nome na música americana como fez Buddy Rich, seu maior ídolo na bateria. Após chamar a atenção do reverenciado e impiedoso mestre do jazz Terence Fletcher (JK Simmons), Andrew entra para a orquestra principal do conservatório de Shaffer, a melhor escola de música dos Estados Unidos. Entretanto, a convivência com o abusivo maestro fará Andrew transformar seu sonho em obsessão, fazendo de tudo para chegar a um novo nível como músico, mesmo que isso coloque em risco seus relacionamentos com sua namorada e sua saúde física e mental.

Referências


http://oglobo.globo.com/economia/emprego/dez-profissoes-que-podem-causar-depressao-7277775



quarta-feira, 15 de março de 2017

Representação da mulher na contemporaneidade- um estudo histórico


Gênero:Expressão cultural de diferenças entre os sexos, constituindo-se pois num produto social, aprendido, representado e transmitido ao longo de gerações.

A psicologia social e a teoria comportamental consideram que as diferenças entre homens e mulheres existem porque, desde tenra idade os meninos e meninas estão habituados a reagirem de maneiras diferentes, e tendem mais a imitar os seus iguais do que os do sexo oposto. Eles podem perceberem essas diferenças comportamentais através de observação e interpretação do meio social.

Os estigmas que homens são mais viris e mulheres mais sensíveis são construídos socialmente e orientados pelos pais das crianças. Um exemplo disso: é mulheres brincarem de casinha e boneca, e homens de carrinho e futebol. Como se a função da mulher fosse somente de cuidar dos filhos e arrumar a casa, e a do homem é estar sempre saindo (seja pro trabalho ou diversão).

Feres- Carneiro (2001) realizou um estudo com homens e mulheres sobre o tema: escolha amorosa, as mulheres descreveram a escolha amorosa como “apaixonada” e como “amor à primeira vista” e definiram casamento como “relação amorosa”, Por outro lado, os homens ressaltaram a “atração física” na escolha amorosa e definiram o casamento como “constituição de família”. Reafirma a questão da subjetividade mais presente no feminismo e a objetividade no masculino, mas tem relação com a questão social pois, a mulher desde a infância lê histórias sobre príncipes encantados e acreditam nelas, enquanto homens são treinados a acreditarem que existem mulheres para casar e outras somente para transar.(Goés,2004)

Existem dois modelos de família um patriarcal onde, o homem era dominante e responsável pelo trabalho e sustentar a família financeiramente. Já a mulher tinha a função de cuidar dos filhos e das tarefas domésticas, ela casava-se virgem.

O novo modelo de família pós-modernos, os papéis não são muito definidos, existem mães solteiras, mulheres que trabalham fora e homens que trabalham em casa, casais homossexuais com filhos adotivos, casais que não desejam terem filhos...As mudanças ocorridas na família são consequências de mudanças externas como: o crescimento da economia, a inserção da mulher no mercado de trabalho, a escolaridade crescente da mulher, os avanços da medicina, permitindo um controle efetivo da função reprodutora; avanços tecnológicos e midiáticos, aumento de direitos sociais à mulher.(Goés, 2004)

Um estudo realizado com mulheres de meia idade independentes financeiramente demonstrou que essas mudanças sociais geraram em algumas mulheres, sentimento de culpa pela dificuldade de conciliação entre os papéis de mãe e dona de casa; e provedora do lar.(Goés,2004)

Com as questões levantadas sobre a transformação da mulher na sociedade percebe-se que o movimento feminista tem grande participação, com este movimento as mulheres puderam ocupar diversos cargos de destaque em universidades, empresas e instituições.



Mas nem sempre foi assim, a história do movimento feminista no Brasil surge no período do Império (1822-1889), onde passou a ser reconhecido o direito à educação da mulher. No período de 1907-19017 com a inserção da mulher no mercado de trabalho, ocorre uma greve geral, e entre as exigências das paralisações, estavam a regularização do trabalho feminino, a jornada de oito horas e a abolição de trabalho noturno para mulheres. No mesmo ano foi aprovada a resolução para salário igualitário para mulheres.(Fahs, 2016)
É fundada então, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, onde os principais objetivos eram a batalha pelo voto e livre acesso das mulheres ao campo de trabalho. Alguns anos depois, em 1932, no governo de Getúlio Vargas, é garantido o direito ao voto e à candidatura das mulheres, conquista que só seria plena na Constituição de 1946.
No período de Ditadura o movimento feminista perde força, mas existem marcos nessa época:  criação da Fundação das Mulheres do Brasil, aprovação da lei do divórcio, e a criação do Movimento Feminino Pela Anistia no ano de 1975. Nos anos 80 foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, que passaria a Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher.
Algumas causas do movimento feminista merecem nossa atenção, como a violência contra a mulher (leia ao texto deste blog), a diferença salarial entre gêneros, pouca inserção feminina no meio político, casos de assédio e preconceito contra a mulher, necessidade de exames preventivos e maior informação, acesso a métodos contraceptivos gratuitos e amamentação em lugares públicos.

Uma grande parte do movimento feminista luta também pela descriminalização do aborto, entendendo que muitas mulheres perdem a vida, submetendo-se a procedimentos clandestinos executados por pessoas que poucas vezes possuem formação profissional adequada para realizá-los.(Fahs,2016)

As mulheres hoje em dia além do preconceito e das dificuldades que passam, tem o desafio de trabalharem e cuidarem do lar. Porque alguns homens ainda consideram que cuidar da casa e dos filhos é “ajudar a mulher”, e outros encaram como obrigação delas.
Amelia Earhart - primeira mulher a cruzar o Oceano Atlântico de avião - 1928
Existem duas correntes uma já foi citada no inicio do texto comportamental/social, acreditam que homem e mulher tem diferenças devido, ao meio que estão inseridos; e a perspectiva da neurobiologia que tem como pressuposto que homens e mulheres tem diferenças cerebrais. De acordo com esta última as diferenças se dão antes do nascimento, ainda na vida intrauterina, causadas por hormônios sexuais pré-natais; esses hormônios, posteriormente, afetam as aptidões.

 Aptidão espacial: mais identificada no sexo masculino, é suprimida pelo estrogênio;
 Aptidão para memória verbal: mais identificada no sexo feminino, devido a reposição hormonal.
Devido a essa alteração hormonal podemos identificar nos indivíduos de sexo masculino uma tendência maior a raciocínios matemáticos. Já os indivíduos do sexo feminino estão mais direcionados a memória verbal e de imagem, facilidade com leitura.(Blasi, 2015)
Para Herculano- Hozel, neurocientista, as diferenças existem mais por fatores sociais, pois o cérebro se modifica de acordo com a estimulação que é lhe fornecida. Se homens desde cedo aprendem matemática poderão desenvolver maior capacidade por cálculos, em contrapartida se mulheres se acostumaram a estudarem ciências sociais serão mais aptas para esta área.
Finalizo com a seguinte frase:

"Quanto mais eu falo de feminismo, mais entendo que lutar pelos direitos das mulheres se tornou, em muitos casos, sinônimo de odiar os homens. Se tenho certeza de uma coisa é que isso tem de acabar. Se homens não precisam ser agressivos para serem aceitos, mulheres não se sentirão obrigadas a serem submissas. Se homens não precisam controlar, mulheres não precisarão ser controladas. Homens e mulheres devem se sentir livres para serem sensíveis. Chegou a hora de vermos o gênero como um espectro no lugar de ideologias opostas."(Emma Watson)
Assista ao vídeo abaixo, e entenda como funciona o feminismo: 

Parabéns a todas as guerreiras pelo Dia Internacional da Mulher!!

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812004000100004
http://www.politize.com.br/movimento-feminista-historia-no-brasil/
http://mundodapsi.com/cerebro-feminino-masculino/


terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Transtornos atuais: Comprador compulsivo




Em uma sociedade capitalista, onde o consumo em excesso é presente aparecem diversos transtornos de controle de impulso relacionados a isso como: Cleptomania, Compras Compulsivas, Dependência de Internet, Impulso Sexual Excessivo, Jogo Patológico, Tabagismo entre outros.

Entrar em uma loja e querer aproveitar uma promoção é algo totalmente comum, principalmente em época de Black Friday, mas quando diariamente a pessoa sente essa vontade de comprar pode ser que exista um problema. Existem três tipos de consumidor, o eventual: que compra somente o necessário, o impulsivo: não consegue resistir a um produto em promoção, mesmo que este não seja necessário e por fim, o consumidor compulsivo: considera importante comprar sem considerar o que, e quando e, tenta compensar suas angústias emocionais nas compras.

O significado de oniomania- do grego onios, à venda, e mania , insanidade, seria o termo para o comprador compulsivo, no DSM IV é enquadrado em“outros transtornos dos impulsos” e é muito comparado com transtornos relacionados ao uso de substâncias químicas (álcool e outras drogas) e TOC (Transtorno Obsessivo-compulsivo).

A maioria de quem sofre desse transtorno são mulheres por volta 18 e 30 anos e entre os objetos mais consumidos por esse perfil estão: 96% gastam com roupas, 75% compram sapatos, 33% maquiagem, 42% jóias, 21% CDs e 25% gastam com itens colecionáveis.

Os compradores compulsivos quando se sentem deprimidos compram mais para se sentirem em estado de euforia, o que se aproxima muito do estado em que um drogadito se sente quando utiliza da substancia química. Os oniomaníacos costumam comprar objetos que nem precisam e ás vezes nem chegam a experimentar a peça de roupa ou sapato para verificar, se serve, costumam mentir para a família o número de compras realizadas. Portanto os relacionamentos sofrem com as dívidas acumuladas, é preciso que a própria família aja e ajude o comprador compulsivo a procurar tratamento.


Com relação à questão subjetiva, são indivíduos mais frágeis emocionalmente, que buscam no exterior a si, ou seja no objeto de consumo, forças ou elementos que mostrem e valorizem suas características.Entre os comportamentos mais comuns dos oniomaníacos estão:
- esconder as compras da família
-Compras frequentes e a mais do que se pode pagar, de itens que não são necessários ou comprar por períodos maiores do que planejado
- mentir sobre a quantidade verdadeira de dinheiro gasto em compras
- gastar em resposta a sentimentos negativos como depressão ou tédio
- sentir euforia ou ansiedade durante a realização das compras
- culpa, vergonha ou auto-depreciação como resultado das compras
- prejuízos nos âmbitos social, profissional e familiar
- acumular dívidas, além de uma atração incontrolável por cartões de créditos e cheques especiais.( Marsden, 2011)


São três fases vivenciadas pelo comprador compulsivo: na qual a pessoa se prepara para gastar, se decidindo sobre quando e para onde ir, e de que forma gastar; a compra, que envolve a experiência real da compra, descrita como uma fissura, intensa e empolgante; e a fase final são os gastos, na qual o ato é seguido por uma sensação mal estar, decepção e culpa (Souza, 2016)

É necessário que se realize um diagnóstico diferencial pelo psicológo, pois existem trantornos parecidos com a oniomania, no transtorno afetivo bipolar onde, o indivíduo tem variações de humor passando de depressão para euforia de maneira alternada, na fase de mania ou euforia a pessoa costuma fazer compras em excesso, mas diferente do comprador compulsivo acontece somente quando está em crise. E o TOC a pessoa tem obsessões ou seja pensamentos repetitivos e nas compulsões onde realiza vários rituais e comportamentos repetitivos: como lavar a mão várias vezes, para se livrar de uma culpa, assim como na compulsão por compras o indivíduo sente muita culpa. 

O tratamento do comprador compulsivo é de psicoterapia com abordagem psicanalítica ou comportamental, além de consultoria com um administrador para auxiliar nas finanças, e em casos mais graves tratamento medicamentoso. No tratamento com a comportamental já foi demonstrado com pesquisas que houve significativa melhora, modificando os comportamentos compulsivos e alterando os pensamentos desadaptativos relacionados às compras, reduzindo os impulsos por compras. Mas ainda, é necessário terem mais pesquisas sobre esse tema na academia, pois é um tema muito atual. (Souza, 2016)

No filme Delírios de Consumo de Becky Bloom mostra a história de Rebecca Bloomwood (Isla Fisher) é uma garota que adora fazer compras e seu vício a leva à falência. Ela sofre de oniomania.
Assista ao trailer:




Tá gostando das postagens? Me envie um e-mail que podemos conversar mais sobre os temas abordados: nilsedacosta@yahoo.com

http://psiquiatriaetoxicodependencia.blogspot.com.br/2011/02/oniomania-transtorno-do-comprar.html
https://seer.imed.edu.br/index.php/revistapsico/article/viewFile/1310/1039

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Relacionamentos tóxicos - Quando o amor excessivo faz mal


Na clínica de Psicologia pude me deparar com diversos casais que vivem relações não saudáveis, mas que possuem dificuldades em se separar. Existem mulheres que se entregam demais a relação e vivem em função do relacionamento, que muitas vezes não estão lhe fazendo bem.

 Por mais de um ano na lista dos mais vendidos do The New York Times, o livro de Robin Norwood, Mulheres que amam demais traça um manual de sobrevivência para quem não sabe, mas está em um relacionamento destrutivo, e ensina o caminho para sair desta armadilha perigosa. A autora é terapeuta de casal e pôde identificar tais mulheres quando foi trabalhar com alcoolismo, observou que os homens eram viciados na bebida alcoólica e suas companheiras viciadas em relacionamento.

No livro tinha o caso de Jill que foi casada por um tempo e foi obcecada por seu marido, queria fazer tudo para agrada-lo, mas ele sumia por dias. E ela parou de lhe questionar o porquê, pois ele a agredia fisicamente quando ela o fazia, só conseguiu sair da relação quando ele encontrou outra mulher para se relacionar. Assim como outros casos foram citados pela a autora para exemplificar o amor patológico.



Segundo o livro as características de mulheres que amam demais é: pessoas que vêm de famílias com problemas emocionais em que suas necessidades nesta área não foram satisfeitas; tentam suprir essas necessidades insatisfeitas através de um companheiro, tornando-se superatenciosas; como não puderam transformar seus pais nas pessoas amáveis de que precisavam reagem fortemente ao tipo de homem familiar mas inacessível, tentam transforma-lo através de seu amor; com medo de serem abandonadas, fazem qualquer coisa para impedir o fim do relacionamento; quase nada se torna problema,  se for para "ajudar" o homem com quem está envolvida;

Habituadas à falta de amor em relacionamentos pessoais, estão dispostas a terem paciência, tentando agradar cada vez mais; arcam com grande parte da  responsabilidade do relacionamento; têm auto-estima criticamente baixa e, no fundo, não acreditam que mereçam ser felizes; como experimentaram pouca segurança na infância, têm uma necessidade desesperadora de controlar seus homens; estão muito mais em contato com o sonho de como o relacionamento poderia ser que com a realidade da situação; tendem psicologicamente e, a se tornar dependente de drogas, álcool e/ou certos tipos de alimento, principalmente doces; ao se envolverem em situações caóticas, emocionalmente, evitam concentrar a responsabilidade em si próprias;  tendem a terem momentos de depressão, e tentam preveni-los através da agitação criada por um relacionamento instável; não possuem atração por homens gentis, estáveis, seguros e que estão interessados  nelas.(Norwood, 2011)

Muitas pessoas que vivem esse tipo de relação têm medo de ficarem sozinhos, não valorizam a si mesmas, focam no status de estar uma relação custe o que custar por medo do abandono e da dor da separação. A dependência emocional acontece quando alguém depende de outro para ser feliz, para se sentir bem, para se sentir amada, para tomar suas próprias decisões.

Assim como a dependência emocional é presente nas mulheres, ela aparece nos homens através do sentimento de posse. O parceiro sente ciúmes doentio pela parceira, a afastando de sua família, amigos. Esses ciúmes pode vir de insegurança, baixa auto-estima, imaturidade emocional, pode acarretar na pessoa algumas patologias e sentimentos: como ansiedade, depressão, raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e desejo de vingança.(Regina, 2016)


No post que fiz sobre violência doméstica pude citar um pouco sobre relacionamentos abusivos, mas aqui pretendo explorar as consequências deste tipo de relacionamento para a vítima, os problemas de saúde mais referidos por pessoas que vivenciaram esse tipo de relação: depressão, ansiedade, pânico, dor crônica, bruxismo, alterações hormonais, perda ou ganho exagerado de peso, distúrbios alimentares tais como anorexia e bulimia, distúrbios do sono, insuficiência respiratória, asma, alopecia (queda anormal dos cabelos), fibromialgia, taquicardia, problemas intestinais, incontinência urinária, candidíase recorrente, aborto espontâneo, infarto, AVC e câncer. É importante ressaltar que o transtorno de personalidade narcísica é um dos principais que afetam os autores de violência psicológica. (Rocha, 2016)

O que é transtorno de personalidade narcísica?
O transtorno de personalidade narcisista é caracterizado por um padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia, que começa na idade adulta. Indivíduos narcisistas são caracterizados por fantasias irreais de sucesso e senso de serem únicos, hipersensibilidade à avaliação de outros, sentimentos de autoridade. Frequentemente apresentam sentimento de superioridade, exagero de suas capacidades e talentos, necessidade de atenção, arrogância e comportamentos autorreferentes. Adaptam-se às exigências morais do ambiente como preço a pagar pela admiração; porém, tem sérias distorções em suas relações internas com outras pessoas. (Maltoni, 2017)
O relacionamento tóxico faz mal para o casal, tanto para pessoa que ama demais, ou é submissa quanto para o parceiro. Os dois precisam de ajuda, para mudar é preciso do auxílio de um profissional. Durante o processo terapêutico a pessoa poderá entender seus padrões comportamentais e evitar novas armadilhas. 


"Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor." Vladimir Maiakóvski


Finalizo com o vídeo do grupo MADA(Mulheres que Amam Demais). Que seria na mesma perspectiva dos alcoólicos anônimos mas, é voltado para mulheres que sofrem de dependência emocional de parceiro ou  de algum parente.


Referências