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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A importância de se fazer psicoterapia



História da psicologia
A psicologia surgiu há séculos atrás, mas de uma forma bem diferente do que a conhecemos, no site do portal educação há um artigo sobre a história da psicologia. Nos séculos XVI e XVII surgem os primeiros hospitais psiquiátricos onde, os portadores de sofrimento mental eram “depositados” ali,. Nestes lugares, os pacientes sofriam negligencia, abusos e maus tratos, infelizmente com tratamentos precários de eletrochoque e lobotomia.
Na área da Psiquiatria, o médico Pinel, deu início ao movimento antimanicomial, passando a compreender e a tratar os doentes mentais de forma humanizada.
Charcot psiquaitra francês fazia uso do método da hipsnose para tratar suas pacientes que sofriam de histeria. Este método é um estado semelhante ao sono, gerado por um processo de indução, no qual o indivíduo fica muito suscetível à sugestão do hipnotizador. Freud psiquiatra estudou com Charcot e utilizou deste método, mas se distanciou quando foi compreender os processos inconscientes do indivíduo através da associação livre. Neste método o paciente é orientado a dizer o que lhe vier à cabeça, deixando de dar qualquer orientação consciente a seus pensamentos.


Após Freud muitos outros autores psicanalíticos foram surgindo: Melanie Klein, Anna Freud e Margareth Mahler estudaram pacientes psicóticos. Otto Kernberg se destacou no estudo de borderlines. Já John Bowlby seguiu seu trabalho sobre o apego, ansiedade de separação e perda, dentre muitos outros (STONE, 2005).
Da mesma forma, acrescenta Stone (2005), vários tipos de psicoterapias foram surgindo. Como exemplo, temos: Carl Rogers, que desenvolveu a teoria humanista, Wilhelm Reich e sua teoria do “caráter” e Jacob Moreno introduziu o psicodrama. Já Aaron Beck se distanciou da psicanálise de Freud, criando a teoria cognitivo-comportamental.(Portal Educação, 2016)
Abordagens em Psicologia
Terapia-cognitiva-comportamental- Terapeuta foca no comportamento e nos sintomas do paciente. Terapia a curto prazo.
Psicánalise- Voltada para os conteúdos inconsciente recalcados do indivíduo. Terapia a longo prazo.
Terapia existencial-humanista- Focalizada nas potencialidades do indivíduo e seu lado empático. Terapia a médio prazo.
Terapia sistêmica- Foco na relação familiar. Terapia a médio prazo.
    
    A psicologia surge nos hospitais psiquiátricos como foi visto neste texto, mas as pessoas ainda possuem preconceito juntamente com a visão de que somente quem procura tratamento psicológico são os que sofrem de algum tipo de transtorno mental grave. Mas na verdade a terapia tem vários objetivos:
- Lidar com as dificuldades da existência- processo de luto, separação, mudanças no trabalho, conflitos interpessoais...
- Crescimento e amadurecimento pessoal
- Transtornos psicopatológicos: fobia, déficit de atenção, depressão, ansiedade, esquizofrenia...
Segudo Artur os Benefícios da psicoterapia são:
• desenvolvimento da capacidade de autogerenciamento, aprendendo a dialogar com os estados internos, a regular os estados emocionais e adquirir autonomia.
• desenvolvimento da capacidade de auto-observação e auto-reflexão
• sair dos padrões estereotipados e criar novas narrativas de si,novos modos de compreender e conduzir a própria vida
• desenvolver habilidades interpessoais como capacidade empática – saber se colocar no lugar do outro -, capacidade de comunicação, assertividade, resolução de conflitos, etc.
• fortalecimento psicológico – ampliação da resiliência – para aumentar a tolerância e a capacidade de crescer com as dificuldades que a vida apresenta.
• favorecer a saúde integral, física e psicológica
• busca de sentido existencial
• amadurecimento psicológico (Scarpatto, 2016)

Porque a psicoterapia funciona?
As pesquisas demonstram uma grande eficácia da psicoterapia .Mesmo as recentes tecnologias de mapeamento cerebral têm permitido demonstrar como o tratamento psicológico age transformando o funcionamento cerebral. A eficácia do tratamento psicológico, que já era conhecida há várias décadas, tem sido corroborado recentemente pelos novos conhecimentos das neurociências .(Scarpatto, 2016)
Se você se identificou com este texto procure um psicólogo, tenho certeza que ele poderá te ajudar de alguma forma, é importante ressaltar que é necessário haver um vinculo entre paciente e terapeuta para que o processo flua. Existem clinicas sociais, clinicas que atendem convênios e psicólogos que atendem particular.
Nilse da Costa
Psicologa Clinica
Atende por convenios

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Esquizoanálise- arte, estética e política




A Esquizoanálize foi fundada pelo filósofo Gilles Deleuze e pelo psicanalista Félix Guattari, no contexto histórico, após os movimentos sociais de 1968 na França (Maio de 68). Segundo Hur (2013): é um campo de saberes que abrange relações desejantes e uma análise política dos microfacismos. Para Deleuze e Guatarri o facismo abrange diversas relações e instituições, conceito retirado da obra de Foucault, o poder não está apenas no estado, mas, na família, na escola, e em outras instituições.

Durante o curso de Psicologia houve dois campos teóricos que me encantaram a sistêmica para trabalhos com famílias e a esquizoanalise para trabalho na clinica e na área social. Neste artigo citarei alguns dos principais conceitos desta teoria.

Esta teoria/ prática se preocupou em aprofundar na relação entre Capitalismo e Esquizofrenia. Hur (2013) pontua que para concepção esquizoanalítica o inconsciente é compreendido como maquínico, e não como representativo. A concepção de subjetividade para a esquizoanálise, abrange elementos internos do sujeito e sociais. O desejo segundo esta perspectiva é visto como produção e não como falta.

Os principais conceitos aplicados nesta teoria são: linhas (duras, flexíveis e de fuga). Traçar a linha de fuga, é fugir de um sistema, ela é caracterizada como imprevisível, para assim ser possível haver novas formas de subjetividade.

Já as linhas duras são engessadas servem para classificar, nomear, e diz da identidade do indivíduo. As linhas flexíveis estão ligadas a produção da diferença e o caráter inventivo. Ela busca fugir de alguma coisa, a linha de fuga ou de desterritorialização.”[...] converte-se em linha de abolição, de destruição das outras e de si mesma.(DELEUZE, PARNET, 1998, p.165)

Deleuze e Parnet (1998) pontuam que devir é o contrário de se ajustar a modelos impostos socialmente. O devir para a filosofia significa o que você está se tornando, não é o caso para estes autores, visto que, quando estamos nos tornando modificamos tanto a ponto de não sermos mais nós mesmos, as linhas de fuga estão diretamente ligadas ao devir. “Os devires são atos que só podem estar contidos em uma vida e expressos em um estilo.”(DELEUZE, PARTNET, 1998, p.11)

 
Rizoma

O rizoma é um conceito trazido da Biologia, se define por:

[…] um sistema anti-sistema, uma espécie de rede móvel de canais, fluxos, remoinhos e turbulências, de limites internos e externos difusos, do qual se pode entrar e do qual se pode sair em qualquer ponto, que se pode percorrer em infinitas direções e que é reinventado a cada viagem e por cada um que o percorre.(BARBEMBLITT, 2003, p. 40)

 
O corpo sem órgãos, este conceito para Baremblitt se caracteriza por tratar do caos, e este é visto como algo positivo. Na obra o Anti-édipo, corpo sem órgãos está ligado a esquizofrenia e a antiprodução ao mesmo tempo que produz algo novo através do desejo de produção. (DELEUZE, GUATARRI, 2010)

Processos de subjetivação?

Os processos de subjetivação se caracterizam por pensarem a expressão da subjetividade enquanto produção e atravessamentos sociais, institucionais e políticos. Modos de viver diferentes dos modelos imposto pelo capitalismo, a subjetividade se modifica de acordo com os encontros.

 

 
Utiliza-se o paradigma ético-estético e político:

 O que estou definindo como ético é o rigor com que escutamos as diferenças que se fazem em nós e afirmamos o devir a partir dessas diferenças. [...]Estético porque este não é o rigor do domínio de um campo já dado (campo de saber), mas sim o da criação de um campo, criação que encarna as marcas no corpo do pensamento, como numa obra de arte. Político porque este rigor é o de uma luta contra as forças em nós que obstruem as nascentes do devir”.(Rolnik, 1993, p.07)
 
  Com a clinica esquizoanalitica é possível se trabalhar com oficinas na área de saúde mental, Segundo Romagnolli a partir da cartografia e de algumas referências da esquizoanálise e da análise
institucional, é possível discutir o movimento desse coletivo como espaço de pensamento e de produção de novas formas de vida das pessoas envolvidas e, com ela, novos protagonismos no campo social e político da saúde mental. Vale lembrar que a esquizoanálise e a análise institucional são correntes que fazem parte do movimento institucionalista em nosso país.
Segundo Barros (2007): A esquizoanálise apesar de ser utilizada nas práticas com grupos, já que trata das instituições, não há relação direta entre este campo de saber  com o dispositivo grupal. Pois, Delleuze e Guatarri não tiveram em suas obras teorizações aprofundadas sobre o tema.

Apesar desta teoria não se propor a estudar os processos grupais, tem muito o que contribuir nestas práticas, principalmente, no que diz respeito as instituições e indivíduos como devires, ou seja, uma subjetividade que não está pronta, que passa por mudanças e  assim produz novas formas subjetivação:
 

Devir-grupo, naquilo que se pode experimentar de composição com outros modos de afecção, outros modos de existencialização, de tal forma que do conjunto assim composto saiam partículas que entrem em relação de movimento e repouso com zonas ainda não conhecidas. (BARROS, 2007, p.293)

 
Os processos grupais são compreendidos, pela lógica dos encontros, que existem maus e bons encontros. O grupo então pode servir para destruir, massificar, ou servirá como meio de produção de desejo.


Logo, nenhuma coisa é boa ou má em si mesma, isto dependerá da relação que se estabeleça. É na superfície que se desenham as relações. A superfície é montada, portanto, pelas relações que os corpos criam entre si. De um corpo, o que se pode saber, é aquilo se se expressa no encontro (BARROS, 2007, o.297)

 
A esquizoanálise pensa a transferência não somente da relação com o analista, mas, a alguns outros objetos (integrantes do grupo). A transferência é modificada e ela perpassa “[...]agenciamentos de enunciação, maquinismos desejantes criando sujeitos e objetos, e não apenas materiais recalcados a se repetir na transferência.”(BARROS, 2007, p. 304)

Segundo Benevides quando ouvimos o outro no processo grupal, sua história e seus sentimentos, produzirmos novas formas de subjetividade, novos EUS. Experimenta-se assim o diferente, e o novo. Portanto, este campo de saber compreende que o grupo é um dispositivo que pode vir afetar e ser afetado pelos seus integrantes. Produzindo desta maneira novas formas de subjetividade, diferentes das impostas pelo modelo capitalista.



terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Luto, o significado de perder um ente querido para a psicologia

Colombianos lotam estádio em homenagem aos  jogadores da Chapecoense que morreram em  acidente aéreo.

O mundo parou no último dia 29/11/2016, quando o avião da equipe da  Chapecoense caiu na Colômbia, e o mais impressionante diante deste momento de grande tristeza é a solidariedade das pessoas, a maioria não são parentes das vitimas e nem  residem no mesmo país que elas, mas demonstram afeto e solidariedade às famílias. Isso acontece porque o ser humano é altamente projetivo, sente a dor como se fosse ele perdendo alguém, mas ainda existem pessoas que não tem empatia com a dor do outro.



A morte em nossa cultura ainda é um tabu, desviamos o assunto com medo da nossa hora chegar, ou de pessoas que são próximas a nós,  esta angústia causada pela medo da morte é afastada pela nossa cultura que valoriza mais o ter do que o ser. Essa visão negativa da morte é vista pelo autor Sartre que compreende que a  morte retira do homem todo o sentido da vida portanto,  não percebe a morte como parte integrante da vida. Para ele, com a morte extingue-se qualquer possibilidade (Maranhão citado por Medeiros,1996). 

O autor Heiddeger  discute a questão da morte, como que ao pensarmos nela estamos compreendo nossa própria finitude, e desta forma vivemos intensamente cada momento. “Se estabelecermos contato com a idéia de nossa própria finitude dificilmente deixaremos de viver um processo de resignificar a vida e aí transformarmos nossa relação com o viver, dando geralmente, uma nova qualidade a esse ato.” (Bromberg citado por Medeiros, 1996, p.39).

Falar sobre o luto não é o mesmo que senti-lo, passamos por vários lutos em nossa vida, perdemos um emprego, o primeiro amor, quando mudamos de cidade, todas essas mudanças trazem sofrimento, mas nada comparado com a dor de nunca mais ver/ falar com quem amamos. A autora Elizabeth Kluber-Ross citado por Bruno Ricardo a autora dividiu em cinco fases o processo de luto: 

1- Negação- Seria uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o problema, tenta encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade da perda do ente querido.

2-Raiva-Nessa fase o indivíduo se revolta com o mundo, se sente injustiçada e não se conforma por estar passando por isso.

3-Barganha- Essa é fase que o indivíduo começa a negociar, começando com si mesmo, acaba querendo dizer que será uma pessoa melhor com os outros se sair daquela situação. 

4- Depressão- Já nessa fase a pessoa se retira para seu mundo interno, se isolando, melancólica e se sentindo impotente diante da situação.

5- Aceitação- É o estágio em que o indivíduo não tem desespero e consegue enxergar a realidade como realmente é, ficando pronto pra enfrentar a perda ou a morte.


Com este texto foi possível perceber como em nossa cultura negligencia-se a questão da morte, mas ela é um ciclo como qualquer outro que causa bastante sofrimento para as pessoas que ficam, e o luto deve ser vivido para que não traga consequências  futuras para a vida do individuo. Nesse momento é preciso o apoio familiar ou ajuda de um profissional da área de psicologia, para que a pessoa possa superar este momento de angustia.Finalizo com o trecho de um texto de Rubem Alves sobre a morte: 

Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver." A vida é tão boa! Não quero ir embora...

Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.(Rubem Alves)



Texto dedicado a Tais Sanna