Gênero:Expressão cultural de diferenças entre os sexos, constituindo-se pois num produto social, aprendido, representado e
transmitido ao longo de gerações.
A psicologia social e a teoria comportamental consideram que
as diferenças entre homens e mulheres existem porque, desde tenra idade os
meninos e meninas estão habituados a reagirem de maneiras diferentes, e tendem
mais a imitar os seus iguais do que os do sexo oposto. Eles podem perceberem essas
diferenças comportamentais através de observação e interpretação do meio
social.
Os estigmas que homens são mais viris e mulheres mais
sensíveis são construídos socialmente e orientados pelos pais das crianças. Um
exemplo disso: é mulheres brincarem de casinha e boneca, e homens de carrinho e
futebol. Como se a função da mulher fosse somente de cuidar dos filhos e
arrumar a casa, e a do homem é estar sempre saindo (seja pro trabalho ou
diversão).
Feres- Carneiro (2001) realizou um estudo com homens e mulheres
sobre o tema: escolha amorosa, as mulheres descreveram a escolha amorosa como
“apaixonada” e como “amor à primeira vista” e definiram casamento como “relação
amorosa”, Por outro lado, os homens ressaltaram a “atração física” na escolha
amorosa e definiram o casamento como “constituição de família”. Reafirma a
questão da subjetividade mais presente no feminismo e a objetividade no
masculino, mas tem relação com a questão social pois, a mulher desde a infância
lê histórias sobre príncipes encantados e acreditam nelas, enquanto homens são
treinados a acreditarem que existem mulheres para casar e outras somente para
transar.(Goés,2004)
Existem dois modelos de família um patriarcal onde, o homem era
dominante e responsável pelo trabalho e sustentar a família financeiramente.
Já a mulher tinha a função de cuidar dos filhos e das tarefas domésticas, ela casava-se virgem.
O novo modelo de família pós-modernos, os papéis não são muito
definidos, existem mães solteiras, mulheres que trabalham fora e homens que
trabalham em casa, casais homossexuais com filhos adotivos, casais que não
desejam terem filhos...As mudanças ocorridas na família são consequências de
mudanças externas como: o crescimento da economia, a inserção da mulher no
mercado de trabalho, a escolaridade crescente da mulher, os avanços da
medicina, permitindo um controle efetivo da função reprodutora; avanços tecnológicos
e midiáticos, aumento de direitos sociais à mulher.(Goés, 2004)
Um estudo realizado com mulheres de meia idade independentes financeiramente
demonstrou que essas mudanças sociais geraram em algumas mulheres, sentimento
de culpa pela dificuldade de conciliação entre os papéis de mãe e dona de casa;
e provedora do lar.(Goés,2004)
Com as questões levantadas sobre a transformação da mulher na
sociedade percebe-se que o movimento feminista tem grande participação, com este
movimento as mulheres puderam ocupar diversos cargos de destaque em
universidades, empresas e instituições.
Mas
nem sempre foi assim, a história do movimento feminista no Brasil surge no
período do Império (1822-1889), onde passou a ser reconhecido o direito à
educação da mulher. No período de 1907-19017 com a inserção da mulher no
mercado de trabalho, ocorre uma greve geral, e entre as exigências das
paralisações, estavam a regularização do trabalho feminino, a jornada de oito
horas e a abolição de trabalho noturno para mulheres. No mesmo ano foi aprovada
a resolução para salário igualitário para mulheres.(Fahs, 2016)
É
fundada então, em 1922, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, onde os
principais objetivos eram a batalha pelo voto e livre acesso das mulheres ao
campo de trabalho. Alguns anos depois, em 1932, no governo de Getúlio
Vargas, é garantido o direito ao voto e à candidatura das mulheres,
conquista que só seria plena na Constituição de 1946.
No
período de Ditadura o movimento feminista perde força, mas existem marcos nessa
época: criação da Fundação das Mulheres do Brasil,
aprovação da lei do divórcio, e a criação do Movimento Feminino Pela Anistia no
ano de 1975. Nos anos 80 foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher, que passaria a Secretaria de Estado dos Direitos da Mulher.
Algumas
causas do movimento feminista merecem nossa atenção, como a violência
contra a mulher (leia ao texto deste blog), a diferença salarial
entre gêneros, pouca
inserção feminina no meio político, casos de assédio e preconceito
contra a mulher, necessidade de exames preventivos e maior informação, acesso
a métodos contraceptivos gratuitos e amamentação em lugares públicos.
Uma grande parte do
movimento feminista luta também pela descriminalização
do aborto, entendendo que muitas mulheres perdem a vida, submetendo-se a
procedimentos clandestinos executados por pessoas que poucas
vezes possuem formação profissional adequada para realizá-los.(Fahs,2016)
As mulheres hoje em
dia além do preconceito e das dificuldades que passam, tem o desafio de
trabalharem e cuidarem do lar. Porque alguns homens ainda consideram que cuidar
da casa e dos filhos é “ajudar a mulher”, e outros encaram como obrigação delas.
Amelia Earhart - primeira mulher a cruzar o Oceano Atlântico de avião - 1928
Existem
duas correntes uma já foi citada no inicio do texto comportamental/social, acreditam que homem e mulher tem diferenças devido, ao meio que estão inseridos; e a perspectiva da neurobiologia que tem como pressuposto que homens e mulheres
tem diferenças cerebrais. De acordo com esta
última as diferenças se dão antes do nascimento, ainda na vida intrauterina,
causadas por hormônios sexuais pré-natais; esses hormônios, posteriormente,
afetam as aptidões.
– Aptidão espacial: mais identificada no sexo masculino, é
suprimida pelo estrogênio;
– Aptidão
para memória verbal: mais
identificada no sexo feminino, devido a reposição hormonal.
Devido a essa
alteração hormonal podemos identificar nos indivíduos de sexo masculino uma
tendência maior a raciocínios matemáticos. Já os indivíduos do sexo feminino
estão mais direcionados a memória verbal e de imagem, facilidade com leitura.(Blasi, 2015)
Para Herculano- Hozel, neurocientista, as diferenças existem mais por fatores sociais, pois o cérebro se
modifica de acordo com a estimulação que é lhe fornecida. Se homens desde cedo
aprendem matemática poderão desenvolver maior capacidade por cálculos, em
contrapartida se mulheres se acostumaram a estudarem ciências sociais serão
mais aptas para esta área.
Finalizo com a
seguinte frase:
"Quanto mais eu falo de feminismo, mais entendo que
lutar pelos direitos das mulheres se tornou, em muitos casos, sinônimo de odiar
os homens. Se tenho certeza de uma coisa é que isso tem de acabar. Se homens
não precisam ser agressivos para serem aceitos, mulheres não se sentirão
obrigadas a serem submissas. Se homens não precisam controlar, mulheres não
precisarão ser controladas. Homens e mulheres devem se sentir livres para serem
sensíveis. Chegou a hora de vermos o gênero como um espectro no lugar de
ideologias opostas."(Emma Watson)
Assista ao vídeo abaixo, e entenda como funciona o feminismo:
Parabéns a todas as guerreiras pelo Dia Internacional da Mulher!!
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812004000100004
http://www.politize.com.br/movimento-feminista-historia-no-brasil/
http://mundodapsi.com/cerebro-feminino-masculino/